Thomaz Ianelli
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Currículo Thomaz Ianelli
São Paulo, SP – 1932 – 2001
Trabalhando como cartazista da Companhia dos Anúncios em Bondes, em São Paulo, na qual permaneceu até 1957, frequentou também as aulas de Angelo Simeone, na Associação Paulista de Belas Artes, onde conheceu outros artistas de origem italiana, como Mário Zanini e Arnaldo Ferrari. A partir de 1957 dedicou-se exclusivamente à pintura, e desde 1970 aos objetos, em 1973 à aquarela e em seguida à gravura.
Entre os prêmios recebidos destacam-se o Velásquez, do governo espanhol, em 1960, permanecendo na Europa por cerca de 01 ano, estudando e mantendo contato com importantes artistas e museus de 11 países, e realizando exposições individuais nos principais museus e Galerias de Arte. Recebeu também o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1992, pela realização da melhor exposição do ano. Nas últimas décadas manteve ateliês em São Paulo e Lisboa.
Participou das Bienais de São Paulo (1961, 1975 e 1984), de Paris (1963), de Santos (1971 e 1990), do México (1982), de Havana (1986), de Taiwan – China (1987), Óbidos – Portugal (1990), da Trienal de Gravura de Buenos Aires (1979), do Panorama de Arte Atual Brasileira – São Paulo (1969, 1970, 1973, 1976, 1983, 1986 e 1987), do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de diversos outros Salões Municipais.
Figurou ainda, a partir de 1959, em mais de 50 mostras coletivas de arte brasileira e latino-americana no Brasil, Europa, Ásia e América Latina. Entre 1960 e 2000 realizou meia centena de exposições individuais em museus e galerias de arte no Brasil, Peru, Argentina, Estados Unidos, Espanha, Portugal, França e Itália, dentre elas uma importante mostra no Museu de Arte da Pampulha – BH, com obras de grande formato (1984).
Obras suas integram os acervos de museus de arte moderna e contemporânea de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Santos, Curitiba, Porto Alegre, Texas – Estados Unidos, Skopie – Macedônia, Madri e Tóquio, e em inúmeras e importantes coleções particulares no Brasil e exterior.
Setembro de 2017, Thomaz Ianelli – “Uma Face Inédita” – Objetos e Assemblages, na Quadrum Galeria de Arte, Belo Horizonte – MG.
DEPOIMENTO DE THOMAZ IANELLI – DÉCADA DE 1980
“Acredito que grande parte de meu trabalho emergiu de uma preocupação que vai do desenho ao objeto, aceitando como desafio as possibilidades da transformação, partindo da figura ou elemento teoricamente reconhecível, passando e encontrando uma outra leitura de componentes abstratos, com ênfase na valorização do espaço, textura e cor, esta colocando-se distinta da função de “colorir a forma”, mas sim intercalando-se numa objetividade de propor um sentimento pictórico que quase indefine o que seria limite de uma realidade ao mesmo tempo não objetiva.
A valorização da transparência no suporte ora diluindo-se, ora acentuando princípios de escalas tonais, próximos de uma família de tons, contrapõe-se constantemente, espontânea e pensada, liberta e enclausurada, organizada aparentemente voando na sequência atraída pela própria estruturação.
Esta visão, como tantas outras pertencentes a um dos caminhos da estética, somente pode nascer de um sentimento ora lírico, por vezes dramático, como nos sonhos que tantas vezes poderiam se mesclar numa sintonia próxima a realidade.
Devemos ressaltar que a tridimensionalidade, que nasce do chamado resíduo da natureza, como galhos secos, madeira e tocos curtidos e encharcados pela vivência com o mar, ou ainda expulsos e empurrados destas profundezas, e atirados à praia para tostar-se ao sol, quando não queimados pelo próprio homem, origina todo um processo de quase deterioração da natureza alicerçados por toda uma forte presença tropical. Não podemos recuar diante desta força semi-primitiva que identifica a verdadeira origem deste rico solo em que pisamos e vivemos.
Quero crer que a partir da essência natural que recriamos e conquistamos, perceber aquilo que brota da própria terra, intervimos a partir dai respeitando o achado, para posteriormente darmos uma nova vida e uma nova forma que nos aproxima da arte.
Também claro está que estamos falando de parte de um processo de criação que neste achado, não possa muitas vezes ser identificado em outras fontes de origem, o que naturalmente vai fechando todo um ciclo que sempre leva a ideia de mensagem a propor a serviço de uma linguagem experimental.
E neste sentimento interpretativo, o artista tem a oportunidade de depurar-se encontrar a síntese, trabalhar com a essência a motivação que antes era lembrança, para dar lugar a uma visão plástica e pictórica.
A pesquisa para o artista é um dos maiores desafios, deixar o pronto para buscar o inesperado, fazer que a forma plana encontre outra morada no plano tridimensional.
Os objetos, se assim podemos chamá-los, vieram à luz em 1970 e a partir dai a necessidade interior aguçou-me um sentido natural, trazer para fora da tela alguns elementos, pesquisar planos, relevos, combinar materiais e intervir com a própria pintura, aceitando o inesperado e considerando-se dentro de uma racionalização, a encontrar um novo espaço e um novo habitat que fala ao lado da pintura um idioma paralelo.